quinta-feira, 16 de dezembro de 2010





ISOLADO NUM POÇO :

disto-me afagado pelo vazio,
deleitando meu ser no acinzentado frio,
desolado num poço...
desconheço as causas do fio
d'água restante,
talvez possa à poça esta, afogar-me.


bebi barrenta...
no intento de sede não morrer,
nela apagara-se o ultimo cigarro,
manhosa aproxima-se a loucura,
na agrura,
co'uma tendente
lisura,
eis conseqüente
abstinência,
pela eminente
nicotina,
à rotina,
de sempre desejar
que todas as coisas como em sonho devam se tornar.


monótono é esse dia,
onde acima permeam abutres dançantes,
desprezíveis,
vigilantes,
no horroroso
local
tão curioso,
infernal,
de formas indiziveis...
receoso
o pior sai afastado,
logo o resto retira-se debandado...


respinga a chuva,
num óbvio oráculo trovejante,
gargalhando petulante,
a vindoura cena
do afogamento,
sem pena...
e neste momento,
pois tenho eu um pressentimento...


que do pior estive isento,
enquanto só estava,
e adentrava,
o covil do meu sentimento...
e me abraçava,
à insanidade...


deixado o leito mórbido,
enlameado,
enfraquecido
perpetro enfim minha vidência,
na evidência...
todo resto da singela cidade,
em sua pequenez, normalidade,
houvera numa enchente, derrocado.




Nenhum comentário:

Postar um comentário